segunda-feira, 29 de julho de 2013

Porque estudar Arquitetura


Texto por Tainá Silva



      Algumas pessoas me perguntam como foi que escolhi Arquitetura, qual a diferença entre engenharia ou quais devem ser as qualidades desse estudante. Perguntam se é puxado, se vale a pena, se o mercado está necessitando… Para essas perguntinhas pertinentes e que fazem a gente cansar de responder, resolvi fazer este post.

Antes de eu começar a estudar Arquitetura, vivia pesquisando na internet sobre coisas que me interessavam. Na realidade nunca havia admitido que queria fazer Arquitetura. Eu havia feito o técnico em Edificações e não tinha gostado… era muita matemática, uma coisa de outro mundo e que não me agradava. Imaginava que Arquitetura seria a mesma coisa maçante e chata.

Quase nada me agrada e eu nunca consigo gostar de algo específico. Quando me perguntavam qual a matéria que eu mais gostava no colegial eu nunca sabia responder… todas me atraiam e traiam!

Notando que eu não conseguia me apaixonar por nada em específico, fui pesquisar graduações amplas, que englobavam várias matérias diferentes e que, de alguma forma, nunca me faria enjoar. Achei a Arquitetura.

Pelo fato de não ter gostado do técnico em Edificações, como já mencionei, eu iniciei, contra gosto, a graduação em Arquitetura.

Nos dois primeiros meses, confesso, tive muita vontade de largar. Eu não conseguia gostar, era tudo abstrato de mais para mim, novo de mais, puxado de mais. Mas foi no 2°bimestre, com o primeiro projeto, que eu me convenci que não poderia ter escolhido curso melhor.

A graduação engloba quase todas as matérias que temos no colegial: história, geografia, geopolítica, sociologia, arte, matemática, física e botânica (no paisagismo). Para mim que não sabia nem gostar nem odiar as matérias foi um prato cheio.


O curso é puxado e isso, acredito eu, seja pelo fato dele ter essa grade tão flexível. Para ser aluno e futuro bom profissional é preciso ser muito curioso; ter muito jogo de cintura; ter noção espacial; senso crítico (tem que ser chato mesmo); ter espírito altruísta (não adianta ser Arquiteto e pouco se importar com os problemas sociais); ser mente aberta, estar aberto às novidades; tem que ser sociável e como já dizia Sir.Nikolaus Pevsner “Um Arquiteto não pode existir em oposição à sociedade”.

Quem não sabe desenhar, só sabe fazer aqueles homenzinhos palito, não chore: noções de desenho são ensinadas no curso. O importante é ter ideias! Ser extra criativo e nunca se prender numa só forma como a do pseudo-modernismo atual, por exemplo, em que, com medo de errar o Arquiteto esquece de imprimir a identidade na obra e sai sempre aquela caixa branca que ele tem a coragem de chamar de casa… E a matemática… ah, a matemática… ela, apesar de ser ensinada no curso (assim como as noções básicas de desenho) vai te fazer chorar muito. Essa é a mais pura verdade… ossos do ofício, fazer o que?

O que você tem a ganhar estudando Arquitetura? Bem, aparentemente um bico-de-papagaio, dores no ombro e dentes amarelados de tanto tomar café. Aparentemente, eu disse.

As coisas, e isso vale para qualquer curso, quando feitas com amor e com vontade deixam de ser custosas. O que você vai receber em troca por estar fazendo Arquitetura é muito particular. A felicidade boba de ver seu rabisco projetado no AutoCad e exposto na feira de profissões, todo o conhecimento que você adquire e quando você faz uso dele em um projeto…Seus pensamentos tomando forma, as soluções que você imagina para a sociedade…essas coisas são singulares. Não me venha perguntar de mercado de trabalho! Quem esperava a crise de 69 e a crise que acabamos de deixar? O mundo muda muito rápido, olhar para o mercado para escolher o curso é algo totalmente mesquinho e pequeno. Além do mais, olhar para o mercado para escolher o curso é algo completamente errado: se fazer o que a gente gosta já é difícil, imagina fazer aquilo que não gostamos?!


Talvez a pergunta mais recorrente quanto à Arquitetura é qual a diferença com o curso de Engenharia ou qual a semelhança entre Design de Interiores.

Para ser direta: um bom Designer de Interiores estudou primeiro Arquitetura, depois de especializou. Partindo do princípio que o Designer de Interiores é diferente de Decorador: o Designer pode intervir no projeto e tem como principal objetivo atender as necessidades dos seus clientes com um jogo de luz, cores, buscando a melhor ventilação, o melhor layout, o maior conforto dentro da funcionalidade do ambiente. O Decorador fez um curso rápido e geralmente só é habilitado a escolher objetos para compor o ambiente, a etapa final do projeto de interiores.

A diferença entre Arquitetura e Engenharia já é um pouco mais complexa. Quem opta por um curso ou pelo outro, fique claro: opta por cursos diferentes! A Engenharia tem como principal objetivo a execução do projeto. O profissional dessa área participa dos cálculos estruturais, onde é o melhor lugar para se por uma viga, se o segundo piso não vai cair, qual a quantia de ferro e concreto para fazer a cúpula, qual o grau da inclinação… E participa ativamente de grandes obras: edifícios, pontes e outras construções é ele quem deve tomar conta e se responsabilizar por grande parte dos problemas.

Na Arquitetura, além do profissional estar envolvido com o projeto em si, ele se preocupa com os mínimos detalhes e com todo o impacto social da obra.

Tomemos como exemplo a execução de um shopping center. O Arquiteto faz todo um estudo sobre qual a melhor posição das janelas e qual a melhor disposição dos stands. Se preocupa com a acessibilidade, refrigeração, insolação, integração e, é claro, com a estética. O Engenheiro participa do projeto fazendo os cálculos estruturais (o Arquiteto é habilitado a fazer os cálculos, mas a grande maioria contrata Engenheiros para tal), qual a melhor sustentação para os pisos, a quantia de concreto, qual o melhor material… e, além dessa participação importante, ele é quem vai comandar a obra. O Arquiteto, diferente do Engenheiro, sai um pouco do projeto: ele amplia a visão para o entorno da obra, no caso, o shopping. Esse shopping terá qual público alvo? Pessoas da classe A, B, C? Onde esse shopping é localizado, eu faço um estacionamento de mil vagas ou ele é perto do metrô e isso induz as pessoas irem à pé? Esses detalhes são pensados pelo profissional de Arquitetura. Um bom Arquiteto jamais faria um shopping center luxuoso no meio de um bairro desfavorecido ou vice-versa. Essa preocupação com o espaço social é que engrandece ainda mais os profissionais de Arquitetura. Sem contar o plano sustentável que já virou rotina em todo projeto.

Espero que este post tenha esclarecido algumas dúvidas! Lembrando que a melhor forma de escolher qual curso fazer é descobrir do que você realmente gosta e o que quer fazer grande parte da sua vida. Conversar ou até mesmo visitar profissionais já credenciados também é uma ótima forma de tirar essa dúvida tão cruel!

Um comentário:

  1. Sabe Naiara, quando eu tinha 10 anos eu coloquei na cabeça que queria ser arquiteta...eu era uma criança. Hoje eu tenho 15, faço ensino médio e a algum tempo minha mãe chegou e perguntou se eu ainda queria ser arquiteta e impressionantemente eu ainda quero...não é mais um sonho de criança, não consigo me ver fazendo outra coisa e isso me deixa feliz. Amo seu blog!!! É bom ter algo pra me apoiar e me guiar nesse mundo.

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